sábado, 24 de novembro de 2018

Como controlar a tiririca em uma área?


P
lantas daninhas são aquelas que se encontram em áreas onde não são desejadas por competirem com as plantas cultivadas pelos meios de produção (luz, água, CO2 e nutrientes) e, em alguns casos, exercem inibição química sobre o seu desenvolvimento (alelopatia), diminuindo a produção dos cultivos. A família Cyperaceae apresenta 594 espécies, sendo a maioria destas invasoras e de difícil controle. O gênero Cyperus é o mais representativo; suas plantas apresentam caule triangulado e sem nó, bainha fechada e sem lígula; características que facilitam a identificação (Figura 1).

Figura 1. Características morfológicas do gênero Cyperus. Fonte: junglekey.fr

Dentre as espécies da família Cyperaceae, a tiririca (Cyperus rotundus L.) é a mais proeminente. Devido a grande agressividade e alta capacidade de competição, é considerada uma das principais daninhas do mundo. De origem sul-asiática, a tiririca é uma planta perene, ereta, rizomatosa e tuberosa, de 10-60 cm de altura (Figura 2). A invasora afeta todo o desenvolvimento das plantas cultivadas, tanto pela alta competição quanto pela produção de toxinas (alelopatia). Pode ocorrer em áreas de olerícolas, de fruticultura, de fibras, de grãos – exceto arroz irrigado -, em pastagens etc. Um fator agravante na sua ocorrência é a dificuldade de controle e erradicação, dando muito trabalho para agricultores, técnicos e pesquisadores.
Figura 2. Plantas de Tiririca.

A tarefa árdua de se controlar a tiririca se deve, principalmente, ao seu poder ímpar de multiplicação. Em um hectare, em um ano, as plantas de tiririca podem produzir de 30 a 40 milhões de tubérculos (Figura 3). Seus tubérculos são responsáveis quase que exclusivamente pela sua reprodução; devido à presença de fitormônios, os tubérculos possuem um alto poder regenerativo, podendo originar várias plantas quando cortados. Daí tem-se a explicação do fato de que a capina mecânica contribui para a multiplicação da tiririca em uma área. Outro fator que deve ser considerado é a intensidade de dormência dos tubérculos, que faz com que a brotação e a germinação sejam irregulares por um longo período após o plantio. Esse fato, somado à falta de aplicação de herbicidas em pós-emergência das culturas (falta de seletividade), também explica a alta disseminação da tiririca nos campos de cultivo.

Figura 3. Tubérculos de Tiririca. Foto: Décio Karam

O controle químico da tiririca, feito por meio de herbicidas, busca não só a redução do número de plantas em uma área, mas também a diminuição da quantidade de tubérculos existentes. Diversos são os herbicidas que controlam com eficiência a tiririca: 2,4-D; flazasulfuron; glyphosate; imazapyr; sulfentrazone etc. A época de aplicação pode variar com a molécula utilizada; por exemplo, tem-se que o imazapyr pode ser aplicado tanto em pré-emergência quanto em pós-emergência e planta adulta, por outro lado, o glyphosate não é recomendado na pré-emergência das daninhas, mas sim em pós-emergência e planta adulta. Para maior eficiência do controle, são recomendadas aplicações sequenciais à medida que as plantas de tiririca brotem na área cultivada. O herbicida utilizado na aplicação sequencial deve ser seletivo para a cultura de interesse, ou seja, não deve causar fitotoxidade nas plantas cultivadas; por exemplo, o glyphosate pode ser aplicado sobre o milho e a soja geneticamente modificados com resistência ao glyphosate, não causando fitotoxidade nas culturas, e controlando a tiririca.

Tendo em vista que uma colheita abundante deve ser um dos objetivos de todo agricultor, é importantíssimo que o manejo adequado da tiririca seja feito na área agrícola. Para tanto, os produtores rurais devem buscar informações com agrônomos e técnicos agrícolas.

Referências Bibliográficas
Freitas, S.R. et al. Efeitos do flazasulfuron e do glyphosate em aplicações única e sequencial sobre o controle da tiririca (Cyperus rotundus L.). Ceres n° 256. Viçosa – Minas Gerais. 1997.

Tiririca. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cyperus_rotundus . Acesso em: 18 nov. 2018.

Tiririca. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/problemas/tiririca_110.html. Acesso em: 18 nov. 2018.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Lagartinhas fazendo galerias e ocasionando injúrias em folhas do cafeeiro são sintomas de quê?


O
 Bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) é uma praga que causa danos no limbo foliar das folhas de café. O adulto é uma mariposa bem pequena com asas brancas na parte dorsal (Figura 1). Durante o dia esconde-se na parte abaxial das folhas. No fim do dia e inicio da noite, inicia sua atividade, colocando ovos na parte adaxial das folhas; pode colocar até sete ovos em uma noite. Em condições ideais, as lagartinhas eclodem e penetram no mesófilo foliar, e vão causando destruição do parênquima. Com o passar do tempo, a região destruída vai secando e sua área aumentando (Figura 2).

Figura 1. Adulto de L. coffeella.

Figura 2. Danos causados pelo ataque de lagartinhas em folha de cafeeiro.

Ao fim do período larval, as lagartinhas saem pela parte abaxial das folhas, e descem até a “saia” do cafeeiro; neste local, fazem um casulo no formato da letra “X” (Figura 3).  Após o período de pupa, surgem as mariposas, que vivem em média 15 dias. Durante o ano, o número de gerações do inseto varia de 8 a 12.

Figura 3. Casulo de L. Coffeella em formato de "X".

O Bicho-mineiro ataca o cafeeiro indiscriminadamente no período seco e chuvoso, entretanto, tem-se observado maiores prejuízos em épocas de chuva; em alguns casos, as perdas econômicas podem se aproximar de 40%. Por apresentarem danos consideráveis e, em muitas vezes, sofrerem quedas, as folhas perdem capacidade fotossintética, o que ocasiona redução na produção de grãos e, consequentemente, prejuízo ao produtor. Um fato interessante, é que cafeeiros conduzidos com espaçamento mais largo apresentam, geralmente, maiores infestações da praga.  

O controle biológico de L. coffeella é feito por parasitoides das famílias Braconidae (Figura 4) e Eulophidae (Figura 5), e por predadores da família Vespidae (Figura 6), que destroem as galerias para se alimentar das lagartas. Os inimigos naturais podem prover um bom controle da praga. Quanto ao controle cultural, tem-se que a capina do cafezal é importantíssima, visto que a presença de plantas daninhas tende a aumentar a ocorrência do Bicho-mineiro em uma área. Outra forma de controle – e a mais eficaz – é a utilização de plantas resistentes à praga; a cultivar siriema AS 1, lançada em 2014, é um exemplo de planta que não é hospedeira de L. coffeella.  O controle químico, por sua vez, pode ser feito por meio de pulverizações com produtos sistêmicos ou de contato; ou por meio de granulados com ação sistêmica aplicados na “saia” do cafeeiro. O nível de controle (NC) varia de acordo com a época de ocorrência; em períodos secos, o controle químico deve ser iniciado quando for evidenciada a presença de lagartas em 40 folhas de um total de 100; já no período chuvoso, o NC é de 20 folhas com presença de lagartas num total de 100 folhas amostradas.

Figura 4. Inseto parasitoide da ordem Braconidae.
Figura 5. Inseto parasitoide da ordem Eulophidae.

Figura 6. Inseto predador da ordem Vespidae. 

É sempre importante lembrar que o agricultor deve contar com o auxílio de um técnico para a escolha do produto adequado a ser aplicado, bem como para a aplicação do mesmo, e também para o acompanhamento dos resultados.

Na internet, há sites como o Agrofit e o Agrolink que trazem diversas informações sobre o bicho-mineiro, além de uma relação de produtos que podem ser aplicados para o controle da praga.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BICHO-MINEIRO. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/problemas/bicho-mineiro_471.html. Acesso em: 08 nov. 2018

GALLO, D. (in memoriam)et. al. Entomologia agrícola. Piracicaba : FEALQ. 2002. 920 p. Disponível em: https://ocondedemontecristo.files.wordpress.com/2013/07/livro-entomologia-agrc3adcola-_jonathans.pdf. Acesso em: 08 nov. 2018

BICHO-MINEIRO DO CAFEEIRO. Disponível em: http://www.sapc.embrapa.br/arquivos/ consorcio/publicacoes_tecnicas/Bicho_mineiro_do_cafeeiro.pdf. Acesso em: 08 nov. 2018

RESISTÊNCIA VARIETAL. Disponível em: https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/cafe /202971-lancada-pela-procafe-cultivar-siriema-se-destaca-pela-resistencia-ao-bicho-mineiro-e-a-ferrugem-ao-longo.html #.W9zNS9VKiM8. Acesso em: 08 nov. 2018