quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Grupos de tomate para mesa


O
 tomate (Solanum lycopersicum) é uma planta da família das Solanáceas, que tem seu centro de origem na América do Sul (do Norte do Chile ao Sul da Colômbia). Porém, foi domesticada no México, sendo os Maias seus primeiros produtores. A partir daí, o tomate foi disseminado para os Astecas e outros povos pré-colombianos. 

O melhoramento genético ocorreu durante séculos, mas foi nas últimas décadas que foram, e vêm sendo, selecionados cultivares e híbridos que se prestam as mais diversas condições de plantio, resistência a doenças e pragas, ao gosto do consumidor, e apresentam altas produtividades.

Existem dois grupos de tomate: para indústria e para mesa. Para o consumo in natura (mesa), as cultivares são divididas nos quatro grupos apresentados a seguir:

Cereja

São variedades de frutos pequenos (Figura 1), que, nos últimos anos, têm obtido grande crescimento no consumo. Alguns híbridos que representam este grupo são: Sweet Gold, Red Sugar e Zamir.
Figura 1. Tomates do grupo cereja. Fonte: Revista Globo Rural

Italiano

Os frutos são compridos, saborosos e possuem coloração intensa.  No mercado, o tomate do grupo italiano, geralmente, é mais valorizado que o do grupo Santa Cruz. Um híbrido deste grupo que é bastante encontrado é o Andrea.
Figura 2. Tomates do grupo Italiano. Fonte: GNT

Salada

As variedades deste grupo são graúdas, pluriloculares (quatro ou mais lóculos), e possuem um formato achatado. Alguns representantes deste grupo são: BRS Portinari, Gisele, Aliança e Carmem. 
Figura 3. Tomates Carmem. Fonte: Foodnews

Santa Cruz

Os frutos do grupo Santa Cruz possuem formato oblongo (comprimento maior que a largura), sendo bi ou triloculares. As variedades deste grupo estão entre as mais consumidas, devido, principalmente, ao preço mais baixo na comparação com outras. O híbrido mais conhecido é o Débora.
Figura 4. Tomate do grupo Santa Cruz. 


Referências


BRASIL. A cultura do tomate. Embrapa Hortaliças. Disponível em: https://www.embrapa.br/hortalicas/tomate-de-mesa/cultivares2. Acesso em: 25 dez. 2018.

MELLO, S. C. Cultivo de tomate de mesa. ESALQ/USP. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3601166/mod_resource/content/1/TOMATE%201.pdf. Acesso em: 26 dez. 2018

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Antracnose. Quais são as causas, os sintomas e os meios de controle dessa doença?


A
 antracnose é uma doença que acomete inúmeras espécies vegetais. É causada por fungos do gênero Colletotrichum (Teleomorfo: Glomerella). Neste gênero existem cerca de 40 espécies; algumas delas são específicas para determinados hospedeiros, por exemplo, tem-se C. musae causando doenças apenas na bananeira (Musa spp.); por outro lado, existem aquelas que atacam vários hospedeiros, como C. gloeosporioides, que sobrevive em espécies vegetais de diferentes famílias.

Na natureza são evidenciadas duas formas do fungo: a saprofítica e a patogênica. Esta última é a responsável pela antracnose.  A doença pode ocorrer em todas as fases de desenvolvimento das culturas. A disseminação do patógeno entre plantas pode ocorrer por agentes aéreos (vento, respingos de chuvas, insetos etc.) e por meio de sementes infectadas. Em presença de água livre ou em elevada umidade relativa (> 90%), os conídios germinam e penetram no hospedeiro, infectando-o.

Em gramíneas como o milho e o sorgo, o agente responsável pela doença é C. graminicola. Nesse caso, a antracnose é também conhecida por Podridão do Colmo. Pode afetar a planta em qualquer fase do desenvolvimento, e é favorecida por alta umidade e temperaturas moderadas. As lesões ocorrem em várias partes da planta: no limbo foliar aparecem lesões necróticas de coloração marrom e formato alongado (Figura 1). No colmo aparecem lesões estreitas, encharcadas, de aspecto avermelhado, que vão escurecendo com o passar do tempo (Figura 2). No interior das plantas, os tecidos ficam escuros e vão morrendo (Figura 3). Os esporos do fungo podem ser vistos na casca da planta. O controle deve ser preventivo, com a utilização de cultivares resistentes; cultural, com a prática da rotação de culturas e adubações equilibradas; e pode ser químico, com o tratamento de sementes antes da semeadura.
Figura 1. Antracnose na folha do milho. Fonte: Agrolink. 
Figura 2. Sintoma de antracnose do colmo do milho. Fonte: Agrolink. 
Figura 3. Antracnose no interior do milho. Fonte: Agrolink

Em leguminosas como a soja, a ervilha e o feijão, o agente causador da antracnose é o fungo C. truncatum. Este agente etiológico pode aparecer durante todo o ciclo da cultura, ocasionando morte de plântulas, necrose dos pecíolos, e manchas em folhas, hastes e vagens. Os sintomas mais evidentes ocorrem nas vagens, que adquirem uma coloração escura e ficam retorcidas (Figura 4). Na presença de alta umidade, podem surgir pontuações de cor negra – frutificações do fungo - sobre as lesões. Em plântulas oriundas de sementes infectadas pelo fungo, ocorre necrose cotiledonar, que pode se estender para o hipocótilo, causando o tombamento destas. Um bom controle da doença começa com a escolha de sementes livres do patógeno – lembrando que até o momento não há cultivares com boa resistência -; outras medidas como a rotação de culturas, um maior espaçamento entrelinhas (50-55 cm), o controle de plantas daninhas, e uma adubação equilibrada auxiliam no combate à doença. Em lotes em que se detectar mais de 5% de sementes infectadas, o tratamento das mesmas com fungicidas deve ser realizado. Pulverizações podem ser realizadas com produtos sistêmicos de forma preventiva entre o fim da fase vegetativa e início da fase reprodutiva.

Figura 4. Antracnose em vagens de soja. Fonte: Agrolink.

Dentre as plantas da família das solanáceas, as pimentas e os pimentões são as que sofrem maiores danos com o ataque do patógeno. A antracnose torna-se mais importante à medida que se tem maior umidade e temperatura na área.  O agente causal da antracnose em espécies do gênero Capsicum é um complexo de Colletotrichum (C. gloeosporioides, C. acutatum, C. caccodes, C. capsici e C. boninense). Apesar de atacar todos os órgãos aéreos da planta, a doença causa maiores injúrias nos frutos. Nestes, os sintomas iniciam com o aparecimento de lesões deprimidas e aquosas, que coalescem (unem-se) e levam ao descarte do produto (Figura 5). Em folhas e ramos, os sintomas são evidenciados por pequenas lesões necróticas. Devido ao alto número de espécies patogênicas e à alta variabilidade de raças que ocorre dentro de cada espécie, é muito difícil o desenvolvimento de variedades resistes; porém, alguns materiais podem ser indicados como sendo, em certo grau, resistentes ou tolerantes. Outras medidas de controle muito relevantes são: a rotação de culturas; a utilização de sementes sadias; o uso de espaçamentos maiores, que permitem maior ventilação e reduz a umidade no microclima das plantas; a preferência pela irrigação por gotejamento; fazer o roguing das plantas doentes e eliminá-las; e fazer, desde o início, aplicações preventivas de fungicidas registrados para a cultura (vide agrofit).

Figura 5. Antracnose em pimentão. Fonte: Campos & negócios. Foto: Caroline Pedroso


A antracnose também acomete plantas frutíferas. Na mangueira, esta doença é a mais importante. O agente epidemiológico é o fungo C. gloeosporioide.  Os sintomas aparecem como manchas escuras em ramos, folhas e flores. Os frutos que ainda são pequenos podem cair da árvore ou ficar mumificados. Em frutos maduros ocorre formação de manchas pretas, que levam ao apodrecimento (Figura 6). O fungo pode sobreviver em frutos velhos, caídos e, até mesmo, em ramos secos; portanto, a poda de limpeza e a catação de frutos envelhecidos são formas de diminuir a chance de a doença ocorrer. Medidas para diminuir a umidade no local de plantio também são interessantes; por exemplo, espaçamentos maiores entre as plantas, plantio em área seca etc. A indução da floração para uma época seca também pode diminuir a ocorrência de antracnose. O controle químico, por outro lado, também deve ser realizado; com o uso de produtos de contato em áreas secas (menor incidência) e com o uso de produtos sistêmicos em áreas úmidas (maior incidência)- porém, a cada 4 aplicações de sistêmicos, um produto de contato deve ser pulverizado para impedir a seleção de fungos resistentes -. A aplicação deve ser feita antes da floração e durante todo o período de amadurecimento. Mesmo com tantas possibilidades contra a antracnose, a melhor alternativa é usar uma variedade de manga resistente, e o produtor deve utilizá-la sempre que possível.

Figura 6. Antracnose na manga. Fonte: Pinterest

Ficou claro que a antracnose é uma doença muito importante, que ocorre em várias plantações, e, por isso, o produtor deve ficar atento, procurando saber quais os efeitos que esta doença pode ter em sua lavoura. Ademais, em casos de dúvidas, existem meios de buscar informações esclarecedoras, que são os técnicos, os vizinhos e a própria internet.

Referências bibliográficas:

AGROLINK. Antracnose. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/problemas/antracnose_ 2767.html. Acesso em: 05 de dez. 2018.

AGROLINK. Antracnose. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/problemas/ antracnose_1852.html. Acesso em: 05 de dez. 2018.

MENEZES, M. Aspectos biológicos e taxonômicos de espécies do gênero Colletotricum. Anais da Academia Pernambucana de Ciência Agronômica, Recife, vol. 3, p.170-179, 2006. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/34611/1/AAPCA-V3-Revisao-04.pdf. Acesso em: 05 de dez. 2018.

Reis, A.; Boiteux, L. S.; Henz, G. P. Antracnose em hortaliças da família solanaceae. Circular Técnica 79. Brasília, DF. Outubro, 2009.  Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/ digital/bitstream/CNPH-2010/36354/1/ct-79.pdf. Acesso em: 05 de dez. 2018.

ROSSETI, N. C. R. Manejo fitossanitário das principais doenças da mangueira. Casa do produtor rural. ESALQ. Novembro, 2015. Disponível em: http://www.esalq.usp.br/cprural/boapratica/ mostra/68/manejo-fitossanitario-das-principais-doencas-da-mangueira.html. Acesso em: 05 de dez. 2018.

TAVARES, S. C. C. H. Antracnose. Disponível: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/ Agencia22/AG01/arvore/AG01_88_24112005115224.html. Acesso em: 05 dez. 2018.