quinta-feira, 27 de setembro de 2018

O controle químico de plantas daninhas na cultura do milho

A
s plantas daninhas são, basicamente, aquelas que estão em um lugar onde não deveriam estar; dessa forma, agem negativamente sobre as plantas de determinada cultura, competindo com estas por espaço, luz, água e nutrientes. Para o milho não é diferente, diversas espécies de folhas-estreitas - grama-seda (Cynodon dactylon), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus), capim-colchão (Digitaria horizontalis), tiririca (Cyperus rotundus) etc. - e de folhas-largas -caruru (Amaranthus spp.), corda-de-viola (Ipomea spp.) etc. - têm habilidade de competir com a cultura, absorvendo parte dos fatores responsáveis pela produção de biomassa e prejudicando a produção do cereal, podendo ocasionar perdas de 10 a 80% na produtividade. 


As espécies de plantas daninhas comumente encontradas em áreas de produção podem apresentar propagação vegetativa, como o capim-massambará (Sorghum halepense), a tiririca e a grama-seda, as quais têm sua disseminação favorecida pela fragmentação de suas partes no preparo do solo; assim, devem ser controladas antes da aração (Figura 1). Para tanto, no mínimo uma semana antes do preparo da área, aplicam-se herbicidas sistêmicos sobre estas daninhas, por exemplo, o glyphosate, que tem se mostrado eficiente no controle. Vale ressaltar que em plantas com alto vigor vegetativo – absorvendo água e nutrientes e fazendo fotossíntese – o resultado da aplicação de herbicidas é melhor do que em plantas estressadas.
Figura 1. Aplicação de herbicida antes do preparo do solo.

Outro período de aplicação de herbicidas na cultura do milho é em pré-emergência das plantas daninhas, ou seja, a daninha é controlada antes mesmo de iniciar qualquer competição com a cultura. O agricultor deve estar atento ao fato de que alguns desses herbicidas necessitam de leve incorporação ao solo a fim de não perderem efeito por volatilização ou fotodecomposição, assim, sua aplicação e incorporação serão antes da semeadura do milho (Figura 2); já os produtos que não são incorporados- são aplicados sobre o solo após a semeadura ou após a última gradagem (Figura 3) – necessitam de umidade do solo para sua ativação, podendo, assim, ocorrer uma desuniformidade de controle em áreas que a operação se estendeu por vários dias.  A aplicação em pré-emergência ou pré-plantio incorporado do herbicida Trifuralin é eficiente no controle de capim-marmelada (Urochloa plantaginea), capim-colchão, e capim-carrapicho, já para o controle de folhas-largas, o herbicida atrazine tem melhores resultados.
Figura 2. Aplicação de herbicidas em PPI (Pré-plantio incorporado); ao fundo, observa-se a plantadeira de milho
Figura 3. Aplicação de herbicidas em pré-emergência de plantas daninhas

A aplicação de herbicidas também pode ser realizada em pós-emergência de plantas daninhas (Figura 4), nesta modalidade, a competição entre daninha e cultura será mais acentuada, devendo o agricultor estar atento ao momento ideal de realizar o controle para evitar perda de produção. O período crítico de controle de daninhas na cultura do milho vai dos 20 aos 60 dias após a emergência das plântulas. Neste intervalo de tempo, as daninhas devem ser controladas com muita eficiência, pois é onde se definem o número de fileiras por espiga e o número de grãos por fileiras do milho, refletindo uma produção boa ou ruim.  Aplicação em pós-emergência pode ser precoce (folhas-largas com, no máximo, 3 folhas e folhas-estreitas sem perfilhamento), normal (folhas-largas com, no máximo, 6 folhas e folhas-estreitas com, no máximo, 3 perfilhos), e tardia (folhas-largas com mais de 6 folhas e folhas-estreitas com mais de 3 perfilhos), sendo que a suscetibilidade da daninha ao herbicida tende a diminuir com o seu desenvolvimento. As condições climáticas para uma boa aplicação são: temperatura entre 20 e 30 °C, umidade relativa entre 70 e 90%, velocidade do vento menor ou igual a 10 km/h e não haver previsão de chuva logo após a aplicação.  O nicosulfuron é um herbicida bastante recomendado para várias daninhas que ocorrem na cultura do milho.

Figura 4. Aplicação de herbicida em pós-emergência de plantas daninhas

Com este artigo, buscou-se resumir os principais itens envolvidos no controle químico de plantas daninhas na cultura do milho, para informações mais detalhadas recomenda-se a consulta ao material disponível na literatura e o acesso ao site Agrofit que traz, detalhadamente, os produtos comerciais registrados para a cultura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONTROLE DE GRAMÍNEAS NA CULTURA DO MILHO (ZEA MAYS) COM TRIFURALIN, EM PRÉ E PÓS-EMERGÊNCIA. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item /51370/1/Controle-gramineas.pdf. Acesso em: 26 set. 2018.

LORENZI, H. et. al. Manual de identificação e controle de plantas daninhas: plantio direto e convencional. 7. Ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2014.

VARGAS, L. et. al. Manejo de plantas daninhas na cultura de milho. Documentos online 61. EMBRAPA, set. 2006.

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